quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Igreja ortodoxa grega de Jerusalém

Dada a particular a associação com a vida de Jesus e de sua primeira comunidade de discípulos, Jerusalém teve sempre uma grande importância para a cristandade. Tendo recebido a fé cristã, a aceitação de grande parte da população do Império Romano e o prestígio de Jerusalém cresceram na mesma proporção.
O Imperador Constantino, que foi quem deu grande impulso à fé cristã no Império, construiu magníficas basílicas sobre alguns dos santos lugares no século IV. O monacato chegou a região da Palestina ao mesmo tempo em que as comunidades monásticas eram fundadas no Egito, alcançando um grande florescimento neste território, especialmente na região desértica situada entre Jerusalém e o Mar Morto.
No ano 451, o Concílio de Calcedônia decidiu elevar a Igreja de Jerusalém à honra de Patriarcado; deste modo, três províncias eclesiásticas e cerca de sessenta dioceses foram separadas do Patriarcado de Antioquia, passando a depender da Jurisdição de Jerusalém. Sob o domínio bizantino, Jerusalém se transformou em destino obrigatório das peregrinações na sua qualidade de "Igreja-Mãe", o que lhe valeu grande desenvolvimento e prosperidade.
As invasões dos persas no ano de 614, e a dos árabes em 637, puseram ponto final àquela época dourada de prosperidade. Muitos templos cristãos e monastérios foram destruídos, e grande parte da população, originalmente cristã, foi paulatinamente se convertendo ao islã.
No ano de 1099 os cruzados tomaram Jerusalém e estabeleceram um Reino Latino que duraria cerca de um século. Durante este período, a Sé de Roma criou o Patriarcado Latino de Jerusalém, que se mantém até os dias atuais. Este Patriarcado Latino, entretanto, não conseguiu suplantar o Patriarcado Greco-ortodoxo de Jerusalém e, uma sucessão de Patriarcas Gregos continuaram existindo no exílio, residindo geralmente em Constantinopla. Os Patriarcas gregos voltaram a viver em Jerusalém, ou em suas imediações, logo após a queda do Reino Latino dos cruzados. A cidade de Jerusalém caiu em 1187 sob as forças turcas; em pouco tempo, porém, foi conquistada por tropas dos mamelucos egípcios, sendo reconquistada pelo Império Otomano no ano de 1516.
Durante os 400 anos de domínio otomano, houve muitas disputas entre os distintos grupos de cristãos pela posse dos lugares santos. Em meados do século XIX os turcos confirmaram o controle grego sobre a maior parte deles, conservando-se este pacto sem modificações durante a ocupação britânica (que teve início em 1917) e, sob as subseqüentes administrações da Jordânia e Israel.
O Patriarcado é governado por um Santo Sínodo presidido pelo Patriarca; os membros do Santo Sínodo não podem ser mais que 18, e todos são clérigos nomeados pelo Patriarca. A este, soma-se um Concílio Misto do qual participam leigos nas tomadas de decisões sobre alguns assuntos do Patriarcado.
O fato de que a hierarquia do Patriarcado seja grega, enquanto que a grande maioria dos fiéis são árabes, tem sido uma fonte de contínuos enfrentamentos nos últimos anos.
Desde 1534, todos os Patriarcas de Jerusalém tem sido etnicamente gregos. Atualmente, o Patriarca e os bispos procedem da Irmandade do Santo Sepulcro, comunidade monástica situada em Jerusalém, que teve sua fundação no século XVI. No dias atuais, este célebre monastério conta com cerca de 90 monges de origem grega e apenas 4 de origem árabe.
Os clérigos casados procedem em sua totalidade da população árabe local, e e esta é a razão de a liturgia bizantina ser celebrada em grego no interior dos monastérios e em árabe nas paróquias.
As antigas tensões resultantes desta situação se fizeram presentes novamente em maio de 1992, quando um grupo de ortodoxos de origem árabe fundaram o "Comitê de Iniciativa Ortodoxa Árabe", cujo objetivo é uma maior "arabização" do Patriarcado, como a única forma de preservar uma autêntica presença ortodoxa na região. Desde aquele tempo, também, foi posto em dúvida a alienação de algumas propriedades eclesiásticas e, de outros negócios financeiros do Patriarcado, demandando uma maior transparência pública das contas da Igreja. Os membros deste Comitê também reivindicaram que a hierarquia grega mostrasse um pouco mais de atenção com bem-estar da comunidade árabe-ortodoxa, apresentando o fato de que o número de escolas reduziu de sete, em 1967, para somente três na atualidade.
Em setembro de 1994 este grupo advertiu que a situação estava se agravando, o que poderia resultar num confronto ainda maior. As atividades do Comitê, não obstante, receberam forte resistência do Patriarca Diosdoros I e de seu Santo Sínodo, que defenderam a liberdade de ação da hierarquia, além de enfatizar o caráter historicamente grego do Patriarcado de Jerusalém. Esta jurisdição, no ano de 1989, fez oposição ao movimento ecumênico (tal como fez o Patriarcado Georgiano, bem como um significativo setor do Santo Sínodo do Patriarcado de Moscou), ordenando o afastamento de seus delegados de todos os diálogos teológicos bilaterais nos quais a Igreja Ortodoxa estava envolvida. O Patriarca Diosdoro I (+2000) declarou que muitas Confissões Cristãs usam este diálogos como um modo de fazer proselitismo e, dado que a Igreja Ortodoxa já possui a plenitude da fé, não necessita se submeter a questionamentos em tais discussões teológicas.
Vale destacar ainda que o Patriarcado de Jerusalém continua participando do "Conselho Mundial de Igrejas - CMI", e do "Conselho de Igrejas do Oriente Médio", e o próprio Patriarca Diosdoros firmou voluntariamente declarações conjuntas com outros líderes de Igrejas Locais, especialmente em consideração a situação em que vivem os cristãos na Terra Santa. Tais iniciativas ecumênicas preparam o caminho para a redação de um "Memorando Comum" intitulado: "Significado de Jerusalém para os Cristãos", o qual foi assinado em 23 de novembro de 1994 pelos Patriarcas Líderes de todas as Igrejas históricas presentes em Jerusalém, incluindo os mesmos Irmãos Franciscanos Guardiãos do Santo Sepulcro. Desde então, os Líderes das Igrejas que assinaram este documento, reúnem-se a cada dois meses, mais ou menos, na sede do Patriarcado Greco-ortodoxo, sob a presidência do Patriarca.
Em 22 de Agosto de 2005, o Santo Sínodo elegeu por unanimidade um novo patriarca, Theófilos III como novo Patriarca de Jerusalém. Pela primeira vez na história moderna do Patriarcado de Jerusalém um patriarca foi eleito de forma unânime".
O Patriarca Diósdoros (+2000) reunido com os líderes religiososque firmaram o mencionado documento em Jerusalém
No início do ano 2000 reuniu-se em Jerusalém o Sínodo Pan-Ortodoxo, o maior ocorrido na Terra Santa (primeiro depois de 60 anos), onde se encontraram todas as lideranças das Igrejas Ortodoxas Autônomas e Autocéfalas, deixando de lado suas diferenças para celebrar os dois milênios do Nascimento de Cristo.
Síntese Histórica:
A Igreja de Jerusalém (Mãe de todas as Igrejas Cristãs) foi fundada pelo apóstolo Jacó;
Realizou-se o Sínodo Apostólico, no ano 52, sob a presidência do Apóstolo Jacó e decidiu pela não circuncisão;
A rainha e Santa Helena descobriu a Santa Cruz em 326 e construiu a Igreja da Ressurreição e o Berço e mais outros templos sobre a gruta e o Gólgota e o sepulcro do Senhor;
O IV Sínodo Ecumênico concedeu ao Bispo de Jerusalém o Título de Patriarca, colocando-o na quarta categoria após os Patriarcas de Constantinopla, Alexandria e Antioquia, bem como reconheceu a independência da Igreja de Jerusalém da Igreja Antioquena;
Kisra II, Sharbaraz, conquistou em 614 Jerusalém e apoderou-se da Santa Cruz e transportou-a para a Madain e aprisionou o Patriarca Zacarias;
O rei Herácla recuperou a Santa Cruz em 630 e o Patriarca Zacaris regressou do exílio e a Cruz fora erguida de novo no seu lugar no Gólgota;
Em 638, o Patriarca Sofrônio entregou as chaves da Cidade Santa ao Califa Omar Ibn Al-Khattáb e recebeu dele a "Fiança de Omar," no Monte das Oliveiras;
Em 736, João Damasceno recolheu-se ao Convento de São Saba, lavrando poesias, compondo músicas e acentos tônicos para as canções e cânticos religiosos da Igreja;
Em 1099, os cruzados conquistaram Jerusalém e foram expulsos da Palestina em 1291;
A Irmandade do Santo Sepulcro fora fundada em 1523;
Houve em 1581 conversações entre o Patriarca de Jerusalém e Suleiman Schweiger para abolição das divergências entre a Ortodoxia e o Protestantismo;
Em 1741, iniciou-se a aproximação entre os ingleses (Anomate) e os Ortodoxos;
Em 1817 fora fundada a Biblioteca do Santo Sepulcro.
Fonte:
Pro-ortodoxia
Tradução do Espanhol por: Pe. André Sperandio, hieromonge

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