quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Sé de Antioquia


Patriarcado de Antioquia é um dos grandes centros do cristianismo, desde os tempos do Novo Testamento (Atos 11:26). A origem da comunidade cristã data da mesma época dos apóstolos e sua importância, como centro de sua estrutura política, assumiu um papel preponderante. No início, Antioquia foi a primeira cidade-Rainha, capital do Império Romano do Oriente, estendendo sua jurisdição eclesiástica e influência por todo o Médio e mais longínquo Oriente. Em virtude de razões administrativas a Igreja foi organizada por distritos eclesiásticos: Roma, Constantinopla, Antioquia, Alexandria e Jerusalém, embora cronologicamente, o inverso seja a ordem de fundação das Igrejas. Cada um destes cinco antigos Patriarcados - a Pentarquia - foi centralizado numa cidade particular, porém, a Igreja controlava exaustivamente cada uma destas dioceses. O Trono da Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja, manteve-se unido até a separação de Roma de suas Igrejas-irmãs, no século XI (1054)
O Santo Sínodo de ANTIOQUIA
A Era Apostólica
Durante este período, Antioquia foi o mais proeminente dos cinco Patriarcados. Sua história é parte essencial da Igreja, dando personalidade própria ao trono eclesiástico. Sua riqueza teológica demonstra a dinâmica da natureza primordial da Igreja Cristã de Antioquia. A mais famosa referência do Novo Testamento relata que, em Antioquia os primeiros seguidores de Jesus Cristo foram chamados de cristãos (Atos 11:26). Os livros dos Atos relatam o que aconteceu nos primeiros anos da Igreja. Antioquia é a segunda cidade, em importância, a ser citada. Nicolas, um dos sete diáconos, ali se converteu, e talvez tenha sido o primeiro cristão nesta cidade (Atos 6:5). Cristãos residentes em Jerusalém foram perseguidos e se refugiaram em Antioquia. Nesta época, Santo Estevão foi morto, tornando-se o primeiro mártir da Igreja.
A tradição da Igreja sustenta que o Trono de Antioquia foi fundado pelo Apóstolo Pedro, no ano 34 (Atos 2:26). Pedro foi seguido em suas atividades por Paulo e Barnabé, que evangelizaram, ao mesmo tempo, os gentios e os judeus. Em Antioquia, ocorreu o incidente entre Pedro e Paulo sobre a necessidade da circuncisão para conversão. Através de uma resolução do Sínodo de Jerusalém, em 52, presidido pelo Apóstolo São Tiago, aplicou-se a evangelização para todos os gentios.
Foi também de Antioquia que Pedro e Barnabé partiram para grandes jornadas missionárias em terras estrangeiras. Os apóstolos tinham que cumprir um ministério universal: "Ide e pregai o Evangelho a toda a Criatura e todos os que crerem e forem batizados serão salvos".
Após permanecer sete anos em Antioquia, o Apóstolo Pedro foi para Roma. Para sucede-lo, no Trono, foi nomeado Evodios.
As realizações pelo cristianismo no Trono de Antioquia são citadas no Novo Testamento, como as de maior destaque da História Eclesiástica. O Trono de Antioquia continuou com suas gloriosas contribuições para a Igreja, através de numerosas personalidades: Santo Inácio de Antioquia, por exemplo, reverenciado como mártir, na época do Imperador Trajano, no começo do século 11. Inácio deu à Santa Igreja inúmeras epístolas, consideradas os primeiros documentos cristãos após o Novo Testamento, escritas na rota de seu próprio martírio em Roma.
A Igreja Ortodoxa sente-se orgulhosa por estas epístolas terem sido produzidas, ainda em seu seio, assim como também sucedeu com todos os principais documentos, ficando assim asseguradas a sucessão apostólica, a Eucaristia e todos os elementos e sacramentos essenciais da fé cristã.
A Era dos Santos Padres
Junto a Inácio e Teófilo, muitos outros teólogos antioquenos foram reconhecidos como padres da Igreja, como São João Crisóstomo, brilhante pregador e pastor de Antioquia, do século IV, que elaborou a Divina Liturgia na forma como é celebrada até hoje.
Na lista dos inumeráveis padres da Igreja junta-se o de São João Damasceno, que foi o primeiro a compendiar de modo sistemático toda a Teologia Ortodoxa. Os Santos Padres defenderam e sistematizaram a verdadeira doutrina da Igreja Ortodoxa. Entre eles, encontramos, São Basílio, São Cirilo de Alexandria, São Cirilo de Jerusalém, São Gregório Nazianzeno, São Gregório de Nissa, Orígenes, Santo Efrém, o historiador Eusébio. No Ocidente, Santo Agostinho de Hipona, São Jerônimo, Santo Ambrósio, Santo Hilário de Poitiers, São Gregório Magno, São Leão Magno, entre outros.
Antioquia e os Concílios Ecumênicos
No princípio do século V, o Patriarcado de Antioquia e sua hegemonia eclesiástica havia se estendido a Chipre, Palestina, Arábia e Mesopotâmia. Todos sob a influência antioquena, junto às Igrejas da Geórgia e Pérsia, cresceram muito espiritualmente. Mas não se passou muito tempo até que aparecessem os conflitos doutrinários dentro da Igreja.
No século V, o Patriarca de Constantinopla, Nestório, natural de Antioquia, foi condenado pelo Concílio de Éfeso (431) por seus ensinamentos errôneos. O Trono de Antioquia reconheceu sua condenação, mas não pôde evitar o aparecimento da Igreja Nestoriana ou Igreja da Assíria, quebrando assim a unidade ortodoxa.
Mais tarde, no século VI, o erro monofisita, se opôs a São Cirilo de Alexandria, ganhando muitos adeptos na Síria e outras regiões do Império. Como no caso de Nestório, muitos cristãos, incluindo os de Antioquia, opuseram-se à condenação e estabeleceram o erro monofisita, chamado também de jacobina, afetando o Trono de Antioquia. Ao mesmo tempo, a extensão geográfica do Patriarcado foi se reduzindo. Por decisão dos Concílios Ecumênicos, em 431, a Igreja de Chipre conseguiu sua independência de Antioquia e em 451, o Patriarcado de Jerusalém estabeleceu jurisdição sobre a Palestina. Nos primeiros anos do século VII, o Império Bizantino foi atacado pelos persas e então, quando se tratava de estabelecer uma unidade entre os jacobitas monofisitas contra os invasores, o Imperador Bizantino surgiu com a comprometida doutrina do Monotelismo. A Ortodoxia, porém, não aceitou tal proposição político-religiosa que ia contra a fé e durante o Concílio de Constantinopla (680), o Monotelismo foi condenado, como doutrina errônea.
Neste tempo, apareceram através de acirradas disputas, as Escolas de Antioquia e Alexandria. A Natureza da Santíssima Trindade, a Natureza de Cristo: Divino-Humana, etc.
Declínio da Cidade de Antioquia
Na época da Igreja Primitiva e da criação dos Patriarcados, a cidade de Antioquia pertencia à Síria, da qual veio a ser capital no século I. A cidade de Antioquia e seu Patriarcado começaram a sofrer paulatino declínio, no início da administração ocidental da Igreja, seguido de ataques e ocupações de culturas hostis a todos os elementos religiosos. A cidade foi capturada pelos persas em 538, novamente em 540 e ainda em 611.
Antes que os bizantinos recuperassem seu vigor sob o Imperador Heraclius, o Islã avançou sobre as terras do Oriente. Antioquia foi uma das primeiras conquistas dos muçulmanos, em 638, além de Jerusalém, Gaza e Alexandria.
Com a queda de três dos quatro principais Patriarcados Orientais. Antioquia, Jerusalém e Alexandria - a importância de Constantinopla começou a perder o seu prestígio. Existiu somente como Patriarcado independente e livre como capital do Império Bizantino. Então, muitos dos Patriarcas de Antioquia encontraram resistência temporal ,na capital do Império, Constantinopla. Após a queda de Constantinopla, tomada pelos turcos em 1453, foi sendo difundida a idéia entre os otomanos, de que o principal Patriarcado era o de Constantinopla (a nova Roma) como cabeça de todos os outros Patriarcados. Isso fez com que Antioquia perdesse cada vez mais sua importância como sede do principal Patriarcado Ortodoxo de toda a Antiguidade cristã .
Em 1154 Antioquia foi reconquistada pelas forças orientais do Imperador Bizantino Emmanuel Gemnenus, que insistiu no esplendor do Trono de Antioquia como um retorno aos tempos primitivos. É desta época famoso canonista Theodoro IV (Balsamon), século XII. Teodoro rebelou-se contra a ocupação latina e todas as conseqüências através dos anos de ocupação.
Durante os séculos seguintes os Patriarcas de Antioquia foram consagrados por Sínodos Antioquenos celebrados na Síria, Quando os mamelucos sultões do Egito chegaram ao poder, aproximadamente entre os anos 1260 e 1269, os Patriarcas Antioquenos quiseram voltar ao trono de sua antiga sede, mas isto não lhes foi permitido e a partir daí o Trono Antioqueno foi levado para Damasco, na Síria, no século XIV. Desta forma o Patriarcado foi identificado, cada vez mais, por sua população árabe cristã que manteve suas tradições ortodoxas bizantinas.
A cidade de Antioquia foi reduzida, através de guerras e sucessivas ocupações a uma pequena população cristã e ínfima fração da Igreja.
Síntese Histórica
Os fundadores da Igreja Antioquena são os Corifeus dos Apóstolos, Pedro e Paulo;
O primeiro Concílio Ecumênico reconheceu no Bispo de Antioquia a primazia sobre todos os Bispos do Oriente, tendo o segundo Concílio confirmado a decisão do primeiro Concílio. O Terceiro Concílio Ecumênico reconheceu a a independência da Igreja de Chipre que se separou da Igreja Antioquena. O IV Concílio Ecumênico concedeu ao Bispo de Antioquia o Título de Patriarca, colocando-o na terceira categoria, após os Patriarcas de Constantinopla e Alexandria;
Os Assírios separaram-se da Igreja Antioquena em 451, os Caldeus em 498 e os Armênios em 538;
Separou-se definitivamente a Igreja Siriana Jacobita da Igreja Antioquena em 513;
Os Maronitas declararam-se independentes do Patriarcado Antioqueno em 685 e submeteram-se ao Bispado Romano em 1183, na era do Patriarca Ermia Hamchiti;
Em 1050 desligaram-se os Gregorianos do Patriarcado Antioqueno;
Os cruzados ocuparam Antioquia em 1098 e foram deslocados pelos árabes em 1648;
O Patriarcado Antioqueno estabeleceu-se em Damasco no ano de 1342;
Nos princípios do século XVI, começaram as missões religiosas européias a se fazerem presentes no Oriente;
O Patriarca Makario, filho do Zaim Al-Halabi, empreendeu uma visita histórica à Rússia e todos os Países Balcânicos, em 1648;
Em 1724 verificou-se a dissidência dos gregos católicos da Igreja Antioquena;
Em 1830 foi construído o Seminário de Balamand;
Em 1913, o Patriarca Gregório IV (Haddad) empreendeu a sua afamada visita à Rússia;
O Patriarca Alexandre III (Tahan) empreendeu diversas excursões pela Rússia (de 1945 a 1958), Bulgária, Romênia, Sérvia, Grécia e os Patriarcados Apostólicos de Constantinopla, Alexandria e Jerusalém, concitando os Ortodoxos à união e à congregação;
O Patriarca Antioqueno Alexandre III festejou suas Bodas de Ouro Episcopais em 1954 e as bodas de Prata Patriarcais em 1956.
Fonte:
Pró-ortodoxiaTradução do Espanhol: Pe. Pavlos Tamanini

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